terça-feira, 4 de março de 2008


Numa Corrente de Verão (Jorge Vercilo)

Vento soprou minha ilusão

flor de algodão, meu pensamento
pulou muro, foi embora, looping no ar
numa corrente de verão
pro ninho de algum pardal,
décimo andar pela janela,
cai no pêlo de um cachorro animado para passer

No ventilador do elevador
lá vai a minha ilusão, flor de algodão
quase passou carro por cima
atravessou a rua inteira na contramão
se estatelou pelas vitrines
mais um golpe de ar, vai passear a tarde
inteira para pousar na sua mão

Eu não sou de olhar o que passou
nem lamentar o que se foi
Sou de criar o que será

É como os relógios de Dali
é como as torres de Galdi
como Brasília para Oscar
ou no arremesso de um outro Oscar

Assim eu vou no vento
sou uma folha de pensamento
Einstein andou no tempo
cruzou paredes e rio por dentro

É, nosso futuro assim será
feito uma escada a se formar
por sob os pés de quem sonhar
de quem ousar pensar além...

Nenhum comentário: